quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Vá em busca do que lhe faz bem

Reflita sobre quais pessoas, situações e escolhas lhe fazem crescer

Já reparou como as plantas buscam pelo sol? Em vasos que deixamos em ambientes internos, menos iluminados pelo sol que o ambiente externo, percebemos isso ainda mais facilmente. Os galhos da plantinha vão se direcionando para onde há mais luz. Elas se entortam, se contorcem, usam toda a sua capacidade de se moldar para ir em busca do elemento que lhes oferece energia e vida. Da mesma maneira, elas também apresentam a tendência de aprofundar as suas raízes para buscar por água e outros elementos essenciais na terra. Seguindo o fluxo natural da vida, as plantas buscam por aquilo que as fornecerá a energia vital para seguirem cheias de força, multiplicando o verde ao seu redor. Seu impulso é voltado para viver bem, cheias de potencial para multiplicar a vida, crescer, desenvolver flores e frutos saudáveis.

E nós, seres humanos, estamos em busca daquilo que nos mantém cheios de vida e recarregamos nossa energia para isso? Responda por você. Você tem ido em busca dos elementos que lhe fazem sentir-se mais vivo? Estes elementos podem ser aqueles ambientes, pessoas, situações, escolhas, estados saudáveis que lhe auxiliem no crescimento. Você se direciona para eles? Busca por eles e os mantém acesos em sua vida? Sim, porque às vezes a gente até busca, mas não mantém a chama viva, vamos nos envolvendo na correria do cotidiano e perdemos de vista o essencial.

Escolhas que falam ao coração

O que faz seus olhos brilharem? Quais companhias colocam você para cima, lhe incentivam a ser você mesmo e torcem pelo seu crescimento? Que escolhas falam mais alto ao seu coração?

"O que faz seus olhos brilharem? Quais companhias colocam você para cima, lhe incentivam a ser você mesmo e torcem pelo seu crescimento? Que escolhas falam mais alto ao seu coração? "

Quais hábitos são verdadeiramente importantes e lhe fariam ter uma vida mais plena?

Seja sincero e avalie como você tem levado a vida. Sempre há tempo para mudar de rota. Retome aqueles caminhos que apontam para o que tem a ver com você, que lhe permitem ter mais espaço para criar, para ser você e se sentir plenamente realizado, caminhos que sejam prazerosos e também acrescentem sabedoria e crescimento a cada passo.

Reflita e faça como a plantinha, que mesmo nos menores vasos e mesmo que você se esqueça de aguá-la de vez em quando, ela se vira daqui e dali para se aproximar daquilo que a fará se manter saudável, cheia de vida e de energia para continuar espalhando sementes.


quinta-feira, 7 de julho de 2011

A erva do sul

Como o mate, planta de uso tradicional indígena, se tornou um símbolo de identidade cultural compartilhado por várias nações sul-americanas.


Levadas para a ervateira, as folhas de mate são sapecadas para retirar parte de sua umidade. A seguir, a erva é cancheada - folhas e galhos são cortados e picados. Depois de outra secagem vem o chamado soque, o processo final de trituração. O mate enfim está pronto para ser empacotado e vendido.

Faz um domingo frio e ensolarado em Porto Alegre. O céu muito azul, depois de dias de chuva, é um convite a sair de casa. O parque da Redenção, o mais popular da capital gaúcha, está lotado. Jovens casais conduzem carrinhos de bebês. Idosos tomam sol ou leem jornal. Atletas domingueiros passam com o fôlego curto. Jovens andam de bicicleta ou sentam-se em grupos animados sobre o gramado.

A cena não seria diferente da de qualquer outro parque urbano não fosse por um detalhe. Muitos desses porto-alegrenses comungam o mesmo curioso hábito. Enquanto conversam, passeiam, tomam sol ou chamam a atenção das crianças, eles vão consumindo uma bebida quente, sorvida de recipiente côncavo chamado de cuia, com a ajuda de um canudo metálico prateado. Cada cuia é sempre compartilhada por duas ou mais pessoas. Reabastecida com água quente, ela vai sendo passada de mão em mão entre amigos de um mesmo grupo, em um ciclo que se renova repetidas vezes.

Uma semana depois, no malecón da rambla que margeia o estuário do rio da Prata na capital do Uruguai, Montevidéu, a cena se repete. Observo casais de namorados, famílias, pescadores de fim de semana, todos desfrutando de mais um domingo de sol e da mesma misteriosa bebida quente, com seus mesmíssimos instrumentos e gestos: a cuia entre as mãos, a bomba entre os lábios, a garrafa térmica debaixo do braço.

Degusta-se o mate quente ou frio, dependendo da latitude. A bebida ganha o nome de chimarrão no Brasil e de mate nos países de língua hispânica. Sua versão refrescante, com água fria, é o tereré (pronuncia-se "tererê"). O consumo do mate está tão entranhado no cotidiano do Sul do Brasil e em três vizinhos austrais - Argentina, Paraguai e Uruguai - que, às vezes, pode se tornar até assunto de Estado. Ou de segurança no trânsito. O atual presidente uruguaio, José Alberto Mujica, ameaçou, no início de seu governo, declarar guerra aos funcionários públicos flagrados usando a cuia durante o expediente. Na Argentina, um polêmico deputado propôs, no ano passado, um projeto de lei que aplicará pesadas multas a quem tomar mate enquanto dirige na província de Buenos Aires.(O caso provocou reações indignadas dos caminhoneiros. Afinal, nas rutas argentinas, os postos oferecem não só gasolina para os veículos mas também água quente para as garrafas térmicas que enchem as cuias de mate - o combustível dos motoristas.) E, em Porto Alegre, museus, como a Fundação Iberê Camargo, anunciam já na porta, em uma placa em que se vê uma cuia coberta por uma faixa oblíqua: "É proibido 'matear' nas dependências do museu".

"A erva-mate tem efeitos digestivos e diuréticos, mas é mais consumida por ser estimulante. Tem alcaloides em sua composição, como a cafeína", explica o professor Antônio Salatino, do Departamento de Botânica da Universidade de São Paulo. A cafeína, que atua no sistema nervoso central, aumenta a capacidade de concentração e atenção, e está presente em outras bebidas, como café, chocolate e guaraná. Nenhuma delas, porém, conquistou tanto seus consumidores como a erva-mate. Afinal, ninguém sai de casa com garrafa térmica para preparar cafezinhos na rua, toma chá ao dirigir ou constrói monumentos ao guaraná - muitas cidades sulistas, contudo, erigiram estátuas oficiais à erva, esculturas em forma de cuia instaladas em parques, praças ou na confluência de avenidas importantes.

Essas efusivas manifestações de amor a uma infusão típica só fazem reforçar a pergunta: de onde vem a surpreendente paixão com que se consome o mate nesta parte da América?

Em uma fria manhã de junho, veem-se poucos carros na BR-153, rodovia que liga Bagé a Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. O agente Carlos Antônio de Araújo Carvalho, da Polícia Rodoviária Militar, contempla a estrada vazia entre sorvos de seu chimarrão. É um quadro em que tudo está no lugar certo: paisagem, homem, erva-mate - uma imagem perfeita do sul-rio-grandense em seu hábitat natural. Carvalho, porém, é fluminense de Volta Redonda, e está ali servindo o tempo de uma transferência temporária. O chimarrão é um hábito recente, mas fundamental.

"Tomar mate me ajudou na adaptação ao frio do sul", diz. "Também me ajudou a fazer amigos. O chimarrão tem papel importante na socialização das pessoas. Ele é um pretexto para se reunir. As pessoas se encontram, conversam em roda enquanto a cuia vai passando de mão em mão." Diante do súbito ronco da cuia, sinal de que a água acabou, ele alcança a garrafa térmica sobre o balcão e enche novamente o porongo decorado de entalhes em baixo-relevo com motivos campestres. "O mate me ajudou a me tornar um pouco mais nativo", reflete.

Outra estrada, a RS-332, corta o verde vale do Taquari, na serra gaúcha, a principal zona produtora da planta no Brasil. Por isso, também é chamada de Caminho da Erva-Mate. Nas suas margens, pequenas cidades e indústrias dependem de produção e comercialização da commodity nativa. Os ervais sucedem-se à beira da via de asfalto, mas, à primeira vista, fica difícil perceber terrenos cultivados, já que não há aparente regularidade na disposição das árvores.

De perto, a planta de erva-mate - Ilex paraguariensis, como foi classificada pelo naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire, em 1822 - tem caule acinzentado e folhas ovaladas de um verdeescuro brilhante. Nos ervais, ela nunca é muito alta, pois cada árvore é podada para se manter a não mais que 3 metros de altura e facilitar a colheita periódica dos ramos. Porém, na mata, certos exemplares podem chegar a 12 metros.

As árvores nativas são o tesouro da Ervateira Putinguense, uma empresa familiar administrada há várias gerações pela família Guadagnin. Sua produção tem certificação florestal: é orgânica, sem agroquímicos, e os pés de erva-mate crescem entre outras árvores no meio da mata. "Meus pais já produziam erva-mate quando ainda se usava banha de porco no lampião para alumiar a casa", conta Eduardo Guadagnin, atual responsável pela empresa. "A cancheadeira era movida a cavalo e toda a erva passava pelo barbaquá", prossegue ele, referindo-se aos antigos fornos rústicos em que as folhas da erva-mate eram secadas - a empresa está hoje totalmente mecanizada. Guadagnin produz apenas para o mercado nacional, mas a certificação florestal de seu produto tem conseguido novos clientes fora do mercado tradicional, como a empresa de cosméticos Natura, que utiliza o extrato das folhas de erva-mate em alguns de seus produtos de beleza.

Perto dali, em Ilópolis, sente-se a influência da erva-mate até no nome da cidade. Ele deriva de ilex (a primeira palavra do nome científico da erva) e de polis (cidade, em grego). Ilópolis, cidade do mate. É tempo de comemoração no município de 5 mil habitantes descendentes de italianos, onde as poucas avenidas são divididas por jardineiras que servem de apoio para grandes cuias de mate, uma decoração permanente em homenagem a seu principal produto. Naquela noite, aconteceria a primeira aparição pública das Soberanas do Mate, as madrinhas de uma festa tradicional que ocorre a cada dois anos, sempre na primeira quinzena de novembro.

No início da noite, o interior do antigo Moinho Colognese, decorado com sacos de erva-mate e bandeiras italianas e brasileiras, já está repleto de ilopolitanos, ansiosos com a aparição de suas soberanas. Autoridades circulam entre os presentes, trocando impressões e expectativas sobre a festa. Nos cartazes e nos cartões de visita das autoridades chama a atenção o logotipo municipal: o nome Ilópolis seguido de três folhinhas de erva- mate - a primeira verde, a segunda amarela e a terceira avermelhada -, que representam as cores dos estágios de germinação pelos quais passa a semente da planta. Não por acaso, são também as cores da bandeira do Rio Grande do Sul.

Depois de longo suspense, o resultado: Viviane de Bona, de 17 anos, Gessica Provence, de 18, e Franciele Dall'Agnol, de 20 - a rainha e as duas princesas do mate em 2010 -, adentram o recinto. Trajadas em vestidos longos cuja cor homenageia o tom rubro do último estágio da semente de erva-mate e coroadas de diademas, as lindas soberanas recebem o aplauso entusiasmado dos presentes. Seguem-se os discursos das autoridades, que enfatizam o fato de que a erva representa 70% da economia municipal. "A planta é o nosso ouro verde", afirma um dos presentes.

A commodity lidera um mercado quase tão antigo quanto a chegada dos espanhóis à bacia do Prata, a partir de onde adentraram no continente. Em São Miguel das Missões, no noroeste do Rio Grande do Sul, ainda é possível escutar fantasmagóricas vozes de índios e colonizadores. E também gritos de guerra, tropéis de cavalos, algaravias de batalhas antigas entre portugueses, espanhóis e tribos indígenas. Para ouvi-los, é preciso que seja noite fechada e você se coloque diante das ruínas de uma antiga e monumental igreja. Não se trata de uma atividade paranormal: as vozes são do espetáculo Som e Luz, uma atração turística do sítio arqueológico de São Miguel Arcanjo, que conta a saga das missões jesuíticas no Brasil e nos países vizinhos.

No século 17, a coroa espanhola e a Igreja se opunham na defesa de dois modelos distintos de colonização para a região. O centro dessa disputa era o índio. De um lado os representantes da empresa colonial - soldados, comerciantes, mercadores - buscavam a conquista total da nova terra, o que incluía a escravização de todos os seus índios. Do outro os padres da Companhia de Jesus propunham civilizar o índio em comunidades autônomas e igualitárias, nas quais as principais atividades seriam o trabalho e a devoção a Deus. Entre 1610 e 1707, a Companhia de Jesus fundou 30 dessas comunidades - as missões jesuíticoguaranis -, espalhadas por uma área de cerca 490 mil quilômetros quadrados, território que hoje é dividido entre Brasil, Argentina e Paraguai.

As missões, também chamadas de reduções, foram os principais centros de desenvolvimento da bacia do Prata. Os jesuítas introduziram ali a pecuária, além de diversas técnicas e artes europeias, como a fundição de metais, o trabalho com o couro, a escultura e a música. E também foram os primeiros a organizar o cultivo da erva-mate.

"O mercado da erva surgiu no início do século 17, dentro do sistema de trocas da colônia espanhola", explica o arqueólogo Artur Barcelos, da Universidade Federal do Rio Grande, que participou de diversas escavações na antiga redução de São Miguel Arcanjo, cujas belas ruínas hoje integram a lista do Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade da Unesco. A erva era um hábito frequente dos índios guaranis e chegou a ser proibida pelos espanhóis no início da colonização, mas isso logo mudou com a percepção de seu valor de troca - o mate tornou-se então um importante recurso econômico. "Os missionários foram bem-sucedidos no cultivo da árvore, sabendo que o excedente de sua produção poderia ser vendido a um bom preço. Muitas reduções ficaram ricas com o comércio. A Companhia de Jesus tinha um registro bastante preciso de sua economia interna", conta Barcelos.

Graças ao intercâmbio constante dos grupos indígenas subjugados pelos espanhóis, o hábito do mate espalhou-se pela colônia, chegando até o alto Peru, às minas de prata de Potosí, na Bolívia, e ao Chile. A palavra máti, da língua quíchua, que designa a cuia, acaba batizando a planta - a erva que se toma no máti: erva-mate.

Pergunto a Barcelos por que tomar mate é algo tão arraigado nesta parte do continente. "A persistência tem a ver com o processo histórico de miscigenação. A região platina tem um passado colonial comum, e gosta de cultivar suas tradições. O mate é uma delas. É algo que nos une, um hábito público. Uma espécie de código de convívio e também um signo de identidade", diz.

Uma lenda guarani conta a história de um velho guerreiro de pernas trôpegas que, já incapaz de sair para as guerras, pescando e caçando com dificuldade, pediu a um mensageiro do deus Tupã uma solução para seus males. O mensageiro entregou-lhe o galho de uma árvore e ensinou-o a fazer uma infusão - ka'ay - que lhe devolveria suas forças. O velho combatente assim fez, recuperou o vigor perdido e divulgou a novidade entre os membros de sua tribo, os quais, passando a tomar a infusão ka'ay, se tornaram cada dia mais fortes e valentes.

Ka'ay: é assim que se chama o mate no mercado El Quatro, em Assunção, no Paraguai, onde o guarani é a língua oficial nacional, ao lado do espanhol. Uma comerciante, Amelia Galeano, tenta nos ensinar a falar mate em guarani. Mas ka'ay é uma palavra de difícil pronúncia. O problema é o ipsílon final, um som levemente gutural, que se pronuncia com a língua no céu da boca, e não existe em português nem em espanhol. Amelia vende garrafas térmicas para mate e tereré, um artigo indispensável do paraguaio. Ela tem termos especiais para mulheres, cobertos de bordados, tecidos floridos e estampados. Ou, para torcedores de futebol, com brasões dos times do Mercosul. E, para homens elegantes, revestidas de pelo de vaca macio ou de couro de alta qualidade. Há ainda garrafas térmicas para ocasiões especiais, como aniversário de namoro, casamento, o Dia das Mães, com dedicatórias gravadas como "Te quiero", "Tu eres mi cariño" ou "Felicidad, mamá!"

Assunção fica às margens do rio Paraguai, e quem cruza suas águas adentra território argentino. Se Amelia Galeano fosse vender suas garrafas na outra margem, ela certamente fracassaria. Pois os argentinos não costumam tomar seu mate na rua. São mais discretos. (Decerto porque não achem muito elegante andar com um termo a tiracolo.) Isso não quer dizer, porém, que apreciem menos o mate que seus vizinhos.

Muitas celebridades argentinas já declararam seu amor à erva-mate. Em um texto, o escritor Julio Cortázar lembra a época em que morava em Paris, e esperava com ansiedade as caixas enviadas de Buenos Aires, "cajoncitos en los que la familia nos mandaba yerba", entre outros mantimentos. Jorge Luis Borges, em um de seus poemas, elogiou o perfume que se desprende de uma cuia de mate. E o revolucionário Ernesto Che Guevara fez questão de ser fotografado inúmeras vezes com mate e bombilla entre as mãos.

Apesar de não gostarem de consumir a bebida na rua, os argentinos inventaram um jeito de tomar mate em público - os chamados bares de mate. No bairro de Palermo Viejo, em Buenos Aires, é possível ver, em um domingo, amigos em torno de uma mesa sorvendo de cuias modernas, coloridas, de alumínio anodizado a água quente suprida por chaleiras - que os argentinos chamam de pavas - do mesmo material.

O empresário Santiago Olivera é dono de três bares na capital argentina, e um dos precursores dessa nova modalidade de se tomar mate. "Tudo começou na época em que eu era universitário", diz. "Os estudantes bebem mate para virar a noite em véspera de prova e entrega de trabalhos."

É manhã de sexta-feira, e em seu bar Volviste Clara, no centro da cidade, todas as mesas estão ocupadas por grupos de alunos com livros abertos, cadernos e laptops - ao lado, é claro, de cuias de erva-mate. "É bem mais íntimo que o café. Como a cuia é compartilhada, o mate aproxima as pessoas, cria laços", explica a jovem Arantza Olagues. "O mate aconchega. É um ritual de confiança", completa seu colega Matías de Vicenzi.

Jaguarão, na fronteira entre Brasil e Uruguai, fica às margens do rio de mesmo nome. A cidade histórica, famosa por suas casas antigas, de altas portas entalhadas, platibandas e bandeiras bem preservadas, deverá ser declarada patrimônio nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) em 2011. Na margem oposta fica Rio Branco, no Uruguai. Na verdade, Jaguarão e Rio Branco são praticamente uma só cidade, cujas duas metades por acaso estão em países diferentes. Natural de Jaguarão, embora hoje more em Pelotas, o escritor Aldyr Garcia Schlee me acompanha em uma visita à região. Ele é autor de vários livros sobre as tradições sulistas e a vida na fronteira.

Sobre o rio Jaguarão estende-se a ponte internacional Mauá, com seus arcos elegantes refletidos sobre a superfície da água. Nesse domingo, há um vaivém frenético na ponte, pois Rio Branco é na verdade um enorme free shop que atrai nos fins de semana milhares de brasileiros ávidos por compras. "Aqui eles podem ir ao exterior sem sair do interior", observa Schlee com um sorriso.

Sacoleiros e turistas passam o domingo nas lojas do outro lado da fronteira, e a cidade mantém seu ritmo tradicional. A praça diante da Igreja Matriz está cheia de pequenos grupos, acompanhados de suas garrafas térmicas, tomando chimarrão. Chegamos ao cerro da Pólvora, onde se encontram as ruínas de uma antiga enfermaria militar construída em 1883. Ali, conta Schlee, será erguido o futuro Centro de Interpretação do Pampa, que deverá ser inaugurado em 2012, um grande museu dedicado às tradições pampeanas - como seu hábito de tomar mate.

Fonte: http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/edicao-136/erva-mate-631626.shtml?page=0

Amores antigos, mas sem rotina

Não deixe que a intimidade influencie negativamente a relação



Quando estamos num relacionamento há tempo suficiente para não precisarmos mais nos preocupar com o estado do nosso cabelo ou da roupa que estamos vestindo, começamos a relaxar também em outro setor igualmente importante: as boas maneiras. Talvez por consideramos que o outro está ganho ou que, como já nos conhece bem, irá deixar pra lá, passamos a esquecer sistematicamente pequenas gentilezas que continuamos a oferecer para estranhos como "obrigado" e "por favor". Ou ainda não usamos um tom mais dócil na hora de pedir uma ajuda ou sequer temos consideração antes de descarregar um monte de problemas na cabeça do outro.

Não é interessante pensar que aquele que amamos geralmente é alvo de birras, de respostas "atravessadas", de mau humor, de pedidos ríspidos? Apesar disso parecer intimidade, na verdade é apenas uma desculpa para tornarmos o outro uma espécie de servo para nós. Por mais que tenhamos problemas e seja reconfortante poder chorar no ombro de nossa cara metade, não podemos aceitar que ela deva ser desrespeitada ou tratada mal apenas para provar que nos ama o tempo todo.

Na verdade, quantas mulheres não usam isso de base para medir o amor de seus homens? Elas dizem: "depois de tudo o que eu já fiz, ele continua aqui comigo, então realmente me ama". Isso chega a ser dito muitas vezes como sendo um grande triunfo. Porém, se nos colocássemos na posição do outro, veríamos o quanto é difícil lidar com um companheiro que está constantemente irritado, desequilibrado, dizendo grosserias, deixando-nos simplesmente sem uma resposta sobre determinado assunto ou saindo sem dizer aonde vai, entre tantas outras desconsiderações.

Por isso, pense um pouco se você não está fazendo isso com a pessoa que mais ama e procure:

  • Dizer por favor e obrigado
  • Considerar a opinião do outro sem rebater rapidamente
  • Ser menos crítico ou julgador
  • Não aumentar o tom de voz para se impor
  • Levar em consideração o desejo e a disponibilidade do outro
  • Não fazer chantagem emocional para conseguir o quer
  • Não ficar falando sem parar, sem observar se não está atrapalhando

Tendo isso em mente, você não só terá intimidade, como também uma relação agradável, cheia de respeito e compreensão. Afinal, quando achamos que o outro está ganho, deixamos de nos esforçar, melhorar e até mesmo surpreender. E não há intimidade que suporte a mesmice do dia-a-dia. Então, que tal sempre olhar seu amor como alguém que você acabou de conhecer e que precisa conquistar? Só este pensamento já não faz as coisas terem um sabor diferente? Experimente!


Fonte: http://www.personare.com.br/revista/amor/materia/1541/amores-antigos-mas-sem-rotina

sexta-feira, 17 de junho de 2011

8 dicas para a mulher endividada reestruturar as finanças

As mulheres são as campeãs da inadimplência, mas com disciplina e planejamento podem voltar ao azul e até passar a poupar


Mulheres são as mais endividadas até 500 reais e costumam cair nas armadilhas do cartão

As mulheres sem dúvida ganham cada vez mais espaço no mundo do trabalho, do consumo e dos investimentos, mas esse protagonismo vem acompanhado de um lado bem menos festivo. De acordo com dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), 55% dos devedores são mulheres, o que mostra que, para muitas delas, o ganho de renda veio acompanhado da angústia das dívidas.

Não é à toa. Mulheres ganham em média 30% menos que os homens no Brasil, e a diferença salarial é observada até entre ocupantes do mesmo cargo. Fora isso, os gastos femininos são diversos e constantes. Além de sujeitas aos apelos da moda e da demanda social por um maior cuidado com a própria aparência, as mulheres também costumam concentrar a responsabilidade pelas despesas diárias da família, como alimentação, roupas, eletrodomésticos, itens para o lar e material escolar para os filhos.

Mas são justamente esses gastos corriqueiros e de baixo valor que podem se tornar verdadeiras bestas incontroláveis. Apesar disso, uma pesquisa americana já provou que as mulheres são mais controladas e, portanto, mais bem sucedidas na hora de investir. Ou seja, potencial para lidar bem com as finanças todas têm. Veja, a seguir, oito dicas para as mulheres que querem sair do vermelho e reestruturar a vida financeira.

1 Use investimentos para pagar as dívidas

Mesmo quem tem poupança no banco ou investimentos em renda fixa muitas vezes acaba se endividando. Nesse caso, o mais aconselhável é usar as reservas para quitar a dívida o mais rápido possível, sem aquele apego que investidores menos experientes costumam ter. “A rentabilidade do investimento é sempre menor que os juros que a pessoa vai pagar”, diz a educadora financeira Sandra Blanco.

Um exemplo: suponha que o investimento em renda fixa rendeu, num mês, 0,8%. Para cada 1000 reais investidos, o investidor ganhou, portanto, 8 reais. Uma dívida de 1000 reais no mesmo período, com juros de 10% ao mês, passa a ser de 1.100 reais. “Vale a pena ganhar 8 reais e pagar 100?”, provoca Sandra.

2 Renegocie as dívidas

As devedoras que não têm um tostão poupado devem começar a se preocupar antes que o nome entre em um cadastro de inadimplentes, o que normalmente ocorre após três meses de endividamento, embora possa acontecer com apenas um dia de atraso. O primeiro passo é listar todas as dívidas e trocar as mais caras pelas mais baratas. Quem ainda não está com o “nome sujo” pode obter um empréstimo a juros menores para quitar as dívidas com juros maiores.

Se o CPF já foi parar em um cadastro de inadimplentes, a única maneira é listar as dívidas – é possível fazer isso nos balcões de empresas como SPC ou Serasa – e tentar renegociá-las, com novos prazos e parcelas que caibam no bolso. Fazer um empréstimo com alguém da família para quitar a dívida o quanto antes também é uma opção. Mas lembre-se de firmar o compromisso em contrato.

3 Considere a inflação

“Para não se endividar, é preciso botar todas as despesas na ponta do lápis e fazer a conta fechar. Se a inflação comprometeu o orçamento, é hora de reestruturá-lo, para que a conta continue fechando”, aconselha Sandra Blanco.

4 Quando o cartão de crédito é inimigo

A armadilha que mais costuma “pegar” os inadimplentes é o cartão de crédito. O conselho dos especialistas é nunca, mas nunca mesmo, pagar apenas o mínimo da fatura. Isso porque, ao fazer isso, o limite se renova para o mês seguinte. Quem não tem dinheiro deve simplesmente não pagar, para que um novo limite não incentive mais gastos.

Outro erro a ser evitado é somar o limite do cartão à própria renda mensal. Isso é uma ilusão. O consultor financeiro Mauro Calil, por exemplo, aconselha que a soma dos limites de todos os cartões não ultrapasse metade da renda. “A pessoa tem uma falsa sensação de que tem recursos. Até que um dia, o mínimo da fatura passa a corresponder a 50% da renda, de tanto que a dívida cresceu. É nessa hora que a pessoa percebe que está endividada”, diz Dora Ramos, diretora da assessoria contábil Fharos.

A pesquisa do SPC mostrou que as mulheres são a maioria das devedoras para somas de até 500 reais, enquanto os homens são os principais endividados acima desse valor. Como geralmente ganham mais, os homens tendem a pôr em seu nome as dívidas mais altas, como os financiamentos habitacionais e de veículos. Isso não significa, contudo, que as mulheres não contribuam com parte da renda para esses pagamentos.

Quem já comprometeu a renda com o pagamento do cartão de crédito vai, evidentemente, ficar sem dinheiro para pagar as despesas básicas que não são pagas no cartão: contas de luz e gás, aluguel e escola dos filhos, só para citar alguns, além de sua parte nos financiamentos longos dos bens mais caros da família. A inadimplência pode se espalhar para outras despesas.

5 Anote o seus gastos

Pode ser pela fatura do cartão, pelo extrato do banco, pela planilha, pelo caderninho, não importa. O importante é anotar para manter controle desses pequenos gastos e saber direitinho por onde o dinheiro está escorrendo. Quem costuma parcelar as compras no cartão precisa ter cuidado redobrado. Um produto dividido em seis vezes comprometerá parte de sua renda ao longo de seis meses. Se no mês seguinte foi feita uma nova compra, parcelada em oito vezes, já serão duas parcelas para se preocupar pelos próximos cinco meses.

6 Planeje as compras

Saia de casa sabendo o que vai comprar. Antes de ir ao mercado, faça uma lista de compras. E procure ater-se sempre ao planejamento. O apelo de consumo, as vitrines, a moda, a manha das crianças, uma discussão com o chefe, com o marido ou com os pais, uma TPM, qualquer coisa pode ser motivo para a compra por impulso de algo que não é necessário, mas é preciso contar até dez e resistir à tentação.

“O planejamento familiar também deve prever alguns supérfluos e emergências, pois estes também fazem parte do dia a dia da família. Se apenas o básico estiver previsto, o orçamento nunca terá um respiro para sair do essencial”, aconselha Dora Ramos.

7 Corte e economize

Com um controle mais rígido dos pequenos gastos já fica mais fácil saber onde cortar. É preciso ter real noção do que é necessário, do que é capricho e do que é simplesmente desperdício. Para Dora Ramos, o melhor é pensar nas finanças como se a própria pessoa fosse uma empresa, cortando aquilo que for desnecessário, trocando para marcas mais baratas e, é claro, aproveitando promoções e liquidações. “Ninguém vai sair de moda porque comprou peças da coleção anterior por um preço mais em conta”, diz Dora.

8 Cuidado com as promoções

Só cuidado para não cair na armadilha dos falsos bons negócios. Aproveite uma promoção apenas depois de ter certeza de que 1) você precisa do produto ou serviço e 2) o item em promoção está realmente mais barato. Parece óbvio, mas se endividar para comprar um item desnecessário só porque ele está em promoção não é inteligente. E parece mais óbvio ainda que onde está escrito “promoção” necessariamente o produto será mais barato, mas nem sempre é o que acontece. “Às vezes o que está em promoção em uma loja, supermercado ou site pode ser encontrado por um preço ainda menor em outro lugar. É importante pesquisar”, diz Dora Ramos.


Fonte: http://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/credito/noticias/8-dicas-para-a-mulher-endividada-reestruturar-as-financas?page=1&slug_name=8-dicas-para-a-mulher-endividada-reestruturar-as-financas

segunda-feira, 13 de junho de 2011

8 formas de ajudar seu filho a ficar rico

Saiba como gastar tempo e dinheiro em coisas que realmente abrirão portas para ele no futuro



Universidade Harvard: se endividar para pagar uma faculdade cara demais não é a melhor forma de ajudar seu filho a enriquecer

Todo mundo já sabe que ficar rico não é fácil, mas planejar o futuro financeiro e tomar decisões com muita antecedência é sempre a forma mais fácil de atingir seus objetivos. Veja abaixo oito formas de começar a preparar seu filho desde já para que ele possa desfrutar uma vida financeiramente confortável no futuro:

1 - Não eduque demais os filhos

Fazer um mestrado ou um doutorado costuma ser caro e demorado. Isso pode até soar como heresia para muita gente, mas nem sempre o investimento vai valer a pena. No livro "Pai Rico, Pai Pobre", um dos maiores best-sellers de finanças pessoais da história, os autores Robert Kiyosaki e Sharon Lechter defendem que o caminho mais curto para ficar rico é procurar acumular, o quanto antes, ativos que gerem renda e permitam conquistar a independência financeira. Eles qualificam de "corrida dos ratos" a busca constante por qualificações e títulos em escolas renomadas para conseguir melhores empregos. Do ponto de vista financeiro, dizem, faz muito mais sentido ensinar os filhos a farejar oportunidades nos mercados imobiliário e acionário que possam levar a ganhos maiores e mais rápidos. Em entrevista a Forbes.com, o economista Laurence Kotlikoff, da universidade de Boston, ilustrou essa mesma teoria de outra maneira. Ele afirma que, nos Estados Unidos, o ganho médio de pessoas graduadas em pedagogia ou psicologia não chega à metade do salário de um encanador. Outra vantagem do encanador é a de poder começar a trabalhar e ganhar dinheiro bem mais cedo do que alguém que precisa esperar até a conclusão de um curso superior. Kotlikoff não quer dizer que um diploma universitário ou uma pós-graduação não sejam importantes para ninguém. Mas ele aconselha o investimento na carreira acadêmica a quem adora livros. Quem sonha em ganhar um bom dinheiro precisa adquirir conhecimentos que valham dinheiro no mercado.

2 – Não se endivide para pagar uma faculdade cara demais

Laurence Kotlikoff, da universidade de Boston, também aconselha as pessoas a não se endividar para dar ao filho um curso de graduação em uma faculdade renomada. Há diversas faculdades no Brasil que chegam a cobrar mensalidades que somam 30.000 reais ou mais por ano de seus alunos. A dívida acumulada, seja por meio de empréstimos bancários ou pelo programa governamental de financiamento educacional Fies, poderá superar facilmente os 100.000 reais ao término da graduação. O governo brasileiro oferece duas oportunidades para os jovens estudarem de graça: as universidades públicas e as bolsas do ProUni. Se nenhuma das duas possibilidades estiverem ao alcance dele, não se desespere. Para Kotlikoff, é melhor fazer uma faculdade mais barata do que chegar ao mercado de trabalho bastante endividado. Afinal, diz o professor, talento e ambição são muito mais importantes para alguém ganhar dinheiro do que a escola onde ele estudou.

3 – Dê incentivos financeiros para seu filho tentar ganhar mais dinheiro

Não é fácil começar uma carreira, seja ela qual for. Quem acaba de entrar no mercado de trabalho geralmente não possui qualificações suficientes para ganhar muito dinheiro ou executar tarefas desafiantes. É natural, portanto, que seu filho fique desanimado com os primeiros anos de carreira. Uma forma de convencê-lo a continuar em busca de progresso profissional é dar incentivos financeiros que lhe motivem a buscar maiores rendimentos no futuro. A forma certa de fazer isso é depositar em uma conta que ele não possa movimentar uma quantidade de dinheiro proporcional a seus ganhos. Então, se ele ganha 2.000 reais por mês, você pode complementar a renda em mais 1.000 reais. Quando ele ganhar um aumento, também deposite mais dinheiro para ele. Só permita resgates nessa conta para a realização de sonhos importantes. Essa estratégia gera três benefícios: 1) mantém seu filho mais motivado com o trabalho; 2) cria uma reserva de emergência para ele; e 3) permite ganhos representativos no futuro com o recebimento de juros sobre juros.

4 – Ensine seu filho a cuidar do próprio dinheiro desde cedo

A maioria das pessoas costuma dar pequenas quantias de dinheiro aos filhos para que eles comprem um ingresso de cinema ou um lanche na escola. Ao invés de fazer isso, dê somas maiores de dinheiro uma única vez por mês e deixe ele decidir se vai gastar com uma roupa nova, uma viagem ou saindo à noite. Se ele gastar tudo em uma semana, não sinta culpa em dizer "não" quando ele lhe pedir mais dinheiro. Isso vai ensiná-lo a evitar desperdícios e a gastar com coisas que realmente valem a pena. No futuro, quando ele sair de casa para estudar em uma faculdade, dificilmente vai lhe telefonar para dizer que ficou sem dinheiro e que precisa de ajuda.

5 – Presenteie seu filho com ações

O educador financeiro Mauro Calil é um dos maiores entusiastas da ideia de formar uma poupança para o filho com ações quando ele ainda é muito jovem. Diversos estudos mostram que, no longo prazo, a bolsa costuma dar retornos bem superiores à renda fixa. Ainda que isso nem sempre seja verdade, no longo prazo sempre haverá algum momento de alta no mercado em que será possível vender papéis de empresas sólidas com um bom lucro. Mantidas sob sua própria custódia, essas ações poderão garantir a seus filhos conquistas importantes, como estudos em uma boa faculdade, a compra da casa própria ou a possibilidade de abrir um negócio. Também vai ensinar a seu filho a importância de poupar no longo prazo e procurar aplicações financeiras de maior rentabilidade como a bolsa. Se os juros continuarem em queda no Brasil como se espera, provavelmente seu filho não terá a mesma chance de obter bons ganhos com investimentos de renda fixa como as gerações atuais.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Carro com gás é só para quem roda muito

Para quem se encaixa no perfil, economia costuma ser radical; mas é bom ficar atento às limitações


Conversão de preço salgado só compensa mesmo para quem roda mais de 100 km por dia

Apesar da recente e sustentada queda nos preços dos combustíveis, a alta do etanol e da gasolina no início de ano levou os brasileiros a reconsiderarem o Gás Natural Veicular (GNV) como alternativa para economizar na hora de encher o tanque. A entressafra da cana acabou, mas altas futuras não devem ser descartadas – o próprio ministro de Minas e Energia Edison Lobão já prevê que o desabastecimento ocorra novamente no ano que vem.

Nesse cenário de incertezas, resta a dúvida de quem ainda tem um carro movido por um combustível líquido: vale a pena convertê-lo para rodar com gás natural? Levando em conta que o GNV é mais eficiente que a gasolina e o etanol, seus preços com certeza estão vantajosos. De acordo com levantamento semanal da ANP, na semana encerrada em 4 de junho, o preço do GNV no Brasil ficou em 1,629 real em média, frente a 2,792 reais da gasolina e 1,939 do etanol. Mas existem outros custos e poréns envolvidos, que devem ser observados por quem pensa em adotar o novo combustível.

GNV não é para todo mundo

Isso não significa que seja impossível adaptar certos tipos de veículos. A princípio, qualquer carro pode ser convertido para rodar com GNV. O problema é que o custo do kit gás é elevado, podendo variar entre 2.000 e 7.000 reais, dependendo da geração do equipamento e do modelo do veículo. Para que a conversão compense, é preciso que ela se pague num tempo razoável. De nada adiantará, por exemplo, se o carro for trocado antes de se cobrirem os custos de adaptação.

“Se o sujeito roda uns 80 km por dia, já não vale a pena”, diz o professor de engenharia mecânica da FEI, José Roberto Coquetto. Ele mesmo gastou 2.500 reais para adaptar seu Kadett 1.8, pois roda nada menos que 200 km por dia. “Eu parcelei o equipamento em seis vezes, mas não tirei um centavo do bolso. Apenas com a economia de combustível eu consegui pagar”, conta ele.

O ideal é que o motorista rode pelo menos uns 100 km por dia útil – ou pouco mais de 2.000 km por mês. Nesse caso, com a atual média do preço do GNV a 1,629 real, um equipamento de 3.000 reais se paga em cerca de 8 meses. Ou seja, o perfil do motorista deve ser o de alguém que mora longe do trabalho, viaja muito de carro ou mesmo que dependa do veículo para trabalhar, como taxistas e vendedores.

Preços do GNV em geral são mais vantajosos

Os preços do metro cúbico de gás também oscilam, assim como os da gasolina e do etanol, e estão sujeitos a crises de desabastecimento do mesmo jeito. Mas para o GNV perder competitividade frente aos demais combustíveis é preciso que seu preço seja mais de 35% maior que o da gasolina e mais de 80% maior que o do etanol.

Isso porque o GNV costuma ser de 30% a 40% mais eficiente que a gasolina. “O poder calorífico do GNV é maior que o da gasolina, o que equivale a dizer que em um metro cúbico do gás há mais energia que em um litro de gasolina”, esclarece o professor José Coquetto. Em média, um carro que faz 10 km/L a gasolina, faria 7 km/L com etanol e 13 ou 14 km/m3 com GNV. Esse veículo rodaria 100 km com apenas um cilindro de gás de 7,5 m3, o de menor volume disponível hoje.

Normalmente, quanto menor a potência do motor, mais acentuada é essa diferença e, consequentemente, a economia. “O meu Kadett 1.8 faz 12, 13 km/m3, mas um carro popular deve fazer bem mais”, diz o engenheiro. Usando o mesmo exemplo de antes, com os preços médios atuais, o motorista que roda 2.200 km por mês realiza uma economia de cerca de 60%, seja com motor a gasolina, a álcool ou flex. Em vez de ter um gasto de mais de 600 reais por mês com combustível, o condutor desembolsaria apenas 255 reais.

Adicione-se a essa economia, eventuais descontos no IPVA. No estado do Rio, quem instala um kit gás recebe um abatimento de 75% no imposto, ao passo que no estado de São Paulo o desconto é de 25%.

De qualquer maneira, para quem já tem o sistema instalado e quitado pela economia ao abastecer, o resto é só alegria. Mesmo que o preço do GNV se torne desvantajoso, ainda será possível rodar com o combustível original, uma vez que após a conversão, o carro se torna bicombustível. Simule em quanto tempo o investimento se paga e de quanto é a economia com GNV.

Problemas causados pela instalação do kit gás

É verdade, adaptar o veículo para rodar com GNV pode causar alguns problemas. Mas nada incontornável, de acordo com José Coquetto. A principal recomendação do professor é que o motorista sempre tenha o tanque original abastecido e que rode durante pelo menos uns cinco minutos por dia com o combustível líquido. “Não é a instalação do kit gás que dá problema, é a falta de funcionamento do sistema original”, explica do professor da FEI.

Ele nega que a conversão faça mal ao motor, mas admite que reduz a vida útil das velas e dos cabos de velas, que precisam ser trocados com mais frequência. Outro problema que pode ocorrer é uma perda de potência entre 10% e 15%. “Num veículo de potência razoável, digamos 1.8, essa perda é quase imperceptível. Agora, um carro 1.0, na subida de uma ladeira e carregado com algum peso certamente vai sofrer. Mas essa é uma situação atípica. Se ocorrer, o motorista pode simplesmente usar o combustível original”, diz Coquetto.

Outra desvantagem óbvia é a perda de espaço no porta-malas em função da instalação dos cilindros. Ela vem acompanhada do ganho de peso do veículo – cada cilindro pesa em média 70 quilos. Carros compactos podem, portanto, exigir cilindros em tamanho e número reduzido, tanto por causa do espaço quanto para não sobrecarregar a suspensão. “No meu Kadett, por exemplo, eu precisei melhorar a tensão das molas”, relata o engenheiro.

É preciso ficar atento a algumas restrições também. Enquanto que a conversão é facilitada em veículos movidos exclusivamente a etanol, ela se torna mais complexa quando o automóvel é flex ou tem o câmbio automático. No primeiro caso, o carro vai precisar de um equipamento chamado simulador inteligente para carros flex, para não ficar desregulado. Já no segundo caso, será preciso utilizar equipamentos de conversão otimizados, de quinta geração, os mais modernos e caros que existem.

Cuidados na instalação e manutenção

A instalação de um kit gás é uma adaptação e, obviamente, pressupõe alguns riscos. O mais óbvio é a desvalorização do veículo numa eventual revenda, como ocorre com os carros que possuem equipamentos instalados. Em segundo lugar, é preciso ter cuidados na hora da instalação. É fundamental procurar uma das oficinas credenciadas pelo Inmetro e observar as seguintes orientações:

- Exigir que o instalador execute o teste de emissões. Ele deve ter o analisador de gases na própria oficina, do contrário, procure outra;

- Exigir a nota fiscal do serviço e do kit, com a discriminação de todos os componentes instalados;

- Exigir o “Rol de Qualidade” do Inmetro totalmente preenchido, bem como o Certificado de Homologação para fazer o registro junto ao DETRAN estadual;

- Observar se os cilindros são de aço e se não têm soldas;

- Realizar a cada cinco anos o “reteste” do cilindro, uma revisão do kit e do cilindro que custa na faixa dos 100 reais;

- Ao notar qualquer defeito ou vazamento, levar o veículo à instaladora homologada.


Fonte: http://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/carros/noticias/carro-com-gnv-e-so-para-quem-roda-muito?page=1&slug_name=carro-com-gnv-e-so-para-quem-roda-muito

Casais que moram em casas separadas

Espaços próprios preservam a individualidade e evitam a rotina



Nos últimos tempos venho percebendo que uma nova modalidade de relacionamento vem se instalando entre os casais, que não chega a ser um casamento, mas é mais que um simples namoro. O namoro pressupõe um tipo de relacionamento em que o casal se encontra nos finais de semana ou, mais de uma vez durante a semana, mantém contato virtual - seja por telefone, torpedos ou via internet - e se presta a curtir bons momentos e aprofundar o conhecimento sobre o outro. Geralmente a vida sexual é ativa e o acordo é de fidelidade. Com o passar do tempo esse relacionamento pode ou não vir a desembocar num casamento.

O casamento pressupõe uma união debaixo do mesmo teto, geralmente com o objetivo de constituir uma família. Nos moldes convencionais, as pessoas se casam por interesses afetivos mútuos e fazem planos para adquirir bens materiais, crescer e amadurecer emocionalmente e ter filhos. Também pretendem garantir uma segurança sólida, trazendo conforto íntimo para ambos.

É claro que existe um sem número de variações sobre o mesmo tema, mas de modo geral, namoro e casamento ainda conservam as mesmas características e intenções há muitos anos.

Não é namoro e nem casamento

Mas parece que os casais encontraram uma terceira via de relacionamento e isso ocorre normalmente quando ambos já têm uma certa estabilidade profissional e financeira. São casais que usualmente já passaram por algumas experiências afetivas e ao mesmo tempo estão numa idade - por volta de 30 anos - em que já traçaram planos individuais de conquistas na carreira e satisfação de desejos de consumo. Outra situação em que essa modalidade de relação vem se tornando frequente é entre pessoas divorciadas, cujos filhos já estão crescidos. São pessoas que não querem abrir mão de uma vida já estável e construída e que, ainda assim, desejam um parceiro estável para partilhar seu afeto, seus planos, seus pensamentos ou suas dúvidas de forma madura.

Assim, assumir um casamento convencional parece ser limitador na medida em que fazer muitas coisas juntos pode atrapalhar ou interferir nos planos individuais, que passam por experiências no exterior, aperfeiçoamento nos estudos e oportunidades profissionais importantes, além do desejo de manter e cultivar o grupo pessoal de amigos e assim por diante. Por outro lado, o namoro pode se mostrar débil, uma relação frágil demais quando esse casal se mostra de fato interessado na construção de uma vida mais plena e comprometida.

Espaços próprios

A saída, muitas vezes até mesmo definitiva, tem sido o cultivo de um espaço próprio para cada um - uma casa com toda a infraestrutura, ao gosto e administração próprios, com as portas semi-abertas para o companheiro. Eu digo semi-abertas porque nesse tipo de relação cabe especialmente a opção de ficar solitário, seja para que o "respiro" da relação aconteça, seja para se manter em contato consigo mesmo e com o universo que cada um construiu e estabeleceu para si.

Desta forma, algumas vezes ou até mesmo na maior parte do tempo, um dorme na casa do outro, mas não mora lá. E ambos se sentem livres para voltar para suas casas sem que isso cause qualquer constrangimento ou impacto negativo.

Obviamente não existe receita para que relacionamento algum seja eterno, mas essa convivência pode obter sucesso se alguns preceitos básicos forem observados:

  • Vale ter uma gaveta e alguns cabides na casa para guardar seus objetos pessoais, mas não vale ocupar metade do guarda-roupa do parceiro.
  • É justo levar alimentos que só você consome e usar a geladeira, mas é invasivo fazer toda a compra de supermercado, desrespeitando os gostos ou as marcas preferidas pelo dono da casa.
  • É necessário estabelecer limites saudáveis para evitar constrangimentos, e aí entram os acordos sobre atender ou não o telefone, ter ou não liberdade para abrir armários, convidar ou não amigos pessoais para a casa do parceiro e outros temas que possam sugerir invasão de privacidade.
  • Em resumo, uma relação desse tipo precisa de algum tipo de formalidade que passa mesmo por boas maneiras e respeito ao espaço do outro.

Em princípio e por razões práticas, se ou quando esse casal decide ter filhos os moldes desse relacionamento deverão ser repensados. Nesse caso, é melhor para os casais que já tem crianças, pois podem perpetuar o que vou chamar de "convivência assertiva". E mais para frente, quando a necessidade de massagens nas costas se tornar mais frequente, o casal pode pensar no bom e velho "casamento".


Fonte: http://www.personare.com.br/revista/amor/materia/1493/casais-que-moram-em-casas-separadas

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sexta-feira, 3 de junho de 2011

Conciliando carreira e filhos

Por princípio, quando se está com os filhos, é preciso esquecer o trabalho. Este é o momento de dedicação familiar e qualquer interferência externa pode atrapalhar

Muitos profissionais sofrem com a falta de tempo e desejariam ter mais momentos com seus filhos, mas não o fazem devido ao trabalho. Claro, tudo varia de profissão para profissão, mas há dicas para que todos consigam ter um relacionamento saudável e que não deixem o trabalho sufocar o convívio e o relacionamento familiar.

familia-parque-350Algo que acredito, todos notaram, foi esse movimento natural que os casais têm feito. Gestações mais tardias e um número menor de descendentes, cada casal com um motivo: estabilidade familiar, prioridade na carreira, aproveitar a juventude, dentre outros. Mas ter um filho é muito mais que isso tudo e envolve, querendo ou não, muito dinheiro. Há cuidados com alimentação, educação, mudanças na rotina etc. E como tudo nesse mundo, acredito que haja um meio termo.

Por princípio, quando se está com os filhos, é preciso esquecer o trabalho. Este é o momento de dedicação familiar e qualquer interferência externa pode atrapalhar. O tempo deles (cônjuge e filhos) deve ser somente deles. Outro fator que incomoda muitos pais é a culpa que eles tomam para si por “não terem tempo para ficar e se dedicar aos filhos” e, com isso, cedem a todos os desejos deles. Ninguém gosta de ter um filho taxado de “mimado”, certo? Este é o segundo ponto: os pais não devem baixar a guarda para o comportamento de seus filhos, só porque muitas vezes ficam praticamente o dia todo longe das crianças. Muitas vezes o mau comportamento da criança é sinônimo da falta de atenção dos pais, afinal, filhos querem atenção!

Falando sobre o cuidado deles, a ajuda de terceiros é, claro, sempre bem vinda, mas há que se ter limites quanto à alimentação e disciplina, principalmente. E, por mais que se esteja longe, há artimanhas que podem ajudá-los a não ficarem com aquela impressão de que tem “pais ausentes”. Uma dessas dicas é ligar, vez ou outra (mas não sempre), para perguntar como estão, o que estão fazendo, enfim, bater papo. Outra alternativa que vejo muitos profissionais fazerem, é dedicar dois, três almoços por semana em casa (ou outro lugar), com a família. Isso ajuda a manter o contato também.

Para quem viaja muito, a dica é dedicação e qualidade no tratamento. Faça os momentos com os pequenos serem verdadeiros e intensos, e isso vale para qualquer situação. Crianças têm uma empatia e inteligência muito fortes, e percebem quando os atos não vêm do coração. Se você der carinho e atenção na dose certa, eles jamais se sentirão abandonados. Claro que é difícil, para muitos pais, pensar separadamente e de forma lógica sobre o filho, afinal, o amor é incomensurável neste caso.

Todos precisam fazer escolhas o tempo todo na vida. Se você escolheu ter uma carreira que necessite dedicação extrema, dedique-se. Da mesma maneira, se escolheu ser pai, dedique-se também ao seu filho, mas sabendo dosar as medidas de cada um, e o horário de cada qual. O meio termo, como sempre digo, é fundamental.

Fonte: http://www.amanha.com.br/blogs/92-vida-executiva--por-bernt-entschev/1955-conciliando-carreira-e-filhos

quarta-feira, 1 de junho de 2011

8 jeitos de comprar felicidade com dinheiro

Pesquisadores mostram os bens e serviços que enchem o cérebro de felicidade



Estudo revela que é possível ser mais feliz ao gastar com qualidade.

Se o dinheiro pode comprar uma vida mais confortável e despreocupada, então porque raios há tanta gente rica e infeliz? Por que o efeito que o dinheiro exerce sobre a felicidade das pessoas nunca é considerado um fator de peso em estudos sobre a satisfação e felicidade dos seres humanos? Ao menos de acordo com uma pesquisa conduzida pelo Journal of Consumer Psychology e divulgado pelo repórter Jack Hough, do site SmartMoney.com, a resposta é simples: a maioria das pessoas não compra a felicidade com o dinheiro porque sabe gastar.

Estudar a felicidade pode ser uma área nebulosa, uma vez que os fatores que impactam sobre esse sentimento são extremamente subjetivos. Mesmo assim, um grupo de pesquisadores de instituições como a Universidade de Harvard uniu uma série de evidências científicas, apuradas a partir de ressonâncias cerebrais e níveis de cortisol presentes na caixa craniana daqueles que participaram dos estudos. A partir dos resultados, conseguiram formular oito passos para que uma pessoa gaste seu dinheiro com qualidade e obtenha felicidade. Cada um deles é explicado nos próximos parágrafos:

1 – Faça uma viagem ao invés de trocar seu carro

Compre experiências ao invés de coisas materiais. Estudos anteriores já revelaram que é possível obter mais felicidade a partir de experiências vividas do que com objetivos adquiridos. Para os pesquisadores, a razão pode ser porque vivências são capazes de fazer com que a mente fique focada no presente. Outro motivo é o fato de que as pessoas revisitam boas lembranças com frequência e, em contrapartida, se adaptam rapidamente as coisas materiais, enjoado com mais facilidade de um computador novo que da lembrança de uma viagem para a África, por exemplo.

2 – Ajude o próximo (por motivos egoístas)

Não ajude outros seres humanos porque você é uma boa pessoa. Ajude porque faz com que se sinta bem consigo mesmo. Relacionamentos sociais complexos e que incluem pessoas de fora do círculo familiar é mais um fator que diferencia seres humanos dos outros animais. Quase tudo o que se faz para alimentar as relações interpessoais alimentam a felicidade.

3 – Compre coisas pequenas ao invés de um home-theater

Mais uma vez, o problema com posses materiais é que as pessoas tendem a se adaptar rapidamente a elas. Uma solução é focar em pequenas compras ao invés de comprar bens mais caros. De acordo com o estudo, obter prazer com frequência tem impactos positivos mais fortes nos níveis de felicidade de uma pessoa do que a intensidade com a qual este prazer é obtido. Portanto, compre um chocolate ou vá ao cinema.

4 – Evite seguros desnecessários

Para os autores deste estudo, a questão dos seguros é um ponto polêmico. A ideia é que seres humanos se adaptam com facilidade tanto a situações prazerosas quanto a circunstâncias desconfortáveis. Exemplo: o notebook quebrado não vai acabar com a vida de ninguém, portanto, não há motivo para a contratação de um seguro que tenha essa cobertura. "“O problema com essa ideia é que não está claro se o fato de se sentir seguro faz uma pessoa mais feliz", explica Elizabeth Dunn, coautora da pesquisa. Para Hough, do site Smartmoney.com, os seguros são serviços caros por natureza. Uma boa estratégia é considerá-los uma multa a ser assumida por não ter dinheiro suficiente para pagar por perdas catastróficas, como residências e carros. Portanto, contrate apenas o essencial.

5 – Pague à vista

Cartões de crédito, empréstimos pessoais e financiamentos são artifícios disponíveis para quem quer adquirir algo agora e pagar no futuro. O preço final, portanto, é acrescido de acordo com os juros incidentes sobre o saldo devedor. Neste ponto existem dois argumentos possíveis, um de ordem financeira e prática e outro de cunho sentimental. Muitas pessoas acreditam que o prazer só é atingido quando se adquire alguma coisa no exato momento em que o desejo de tê-la surge. No entanto, a intensidade do prazer que tal compra pode trazer é igual quando se junta dinheiro e efetiva a aquisição no futuro, pagando à vista. E o comprador ainda fica livre de dívidas.

6 – Pense em coisas negativas antes de gastar

Casa de praia precisa de manutenção e uma viagem para a Europa o fará ficar 10 horas sentado num avião. A maioria das pessoas não considera os aspectos negativos de uma compra. E, para maximizar a felicidade, também é preciso pesar os dois lados da moeda de tudo. É ótimo sonhar com a primeira manhã em uma deliciosa casa de frente para sua praia favorita. Mas depois dessa fantasia, desprenda uns minutos pensando em como seria o centésimo dia com mais essa propriedade para administrar no seu patrimônio.

7 – Não seja exigente

É desgastante passar semanas atrás de uma máquina fotográfica que tenha um milhão de funções, quando na realidade tudo o que a maioria das pessoas precisa é de um modelo rápido o suficiente para registrar momentos efêmeros. Concentre-se no que de fato importa. A ideia vale para quem procura por um imóvel. Dê preferência para uma casa menor, bem iluminada e localizada numa boa vizinhança, mesmo que a mesma não tenha o piso sonhado.

8 – Aposte no senso comum de vez em quando

Um dos melhores indicadores de felicidade de uma compra é se ela já trouxe prazer e felicidade para um grande número de pessoas. Então, deixe de lado, pelo menos por uma noite, longas da escola de cinema soviético e vá ao cinema assistir o filme que está no primeiro lugar entre os mais vistos. Personagens superficiais e discussões poucos intelectualizadas muitas vezes podem render boas risadas.


Fonte: http://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/noticias/8-jeitos-de-comprar-felicidade-com-dinheiro?page=1&slug_name=8-jeitos-de-comprar-felicidade-com-dinheiro

terça-feira, 31 de maio de 2011

Alguma coisa está fora da ordem

Alimentamos a ideia de que podemos controlar tudo em nossas vidas. Nada mais enganoso. E isso vale inclusive para aqueles que acreditam ter na mão as rédeas da situação. Afinal, será que existe destino?

Clara Primo levou quase dois anos para elaborar sua tese de mestrado sobre os hábitos alimentares de algumas tribos amazônicas. Levantou os dados da região, leu toda a literatura existente a respeito do assunto, escolheu os lugares certos para visitar, entrou em contato com os líderes locais, negociou comida e hospedagem, calculou custos e, principalmente, escolheu um fotógrafo de fama nacional para registrar todo o percurso, parte fundamental de seu trabalho acadêmico. Tudo pronto e acertado, ela iniciou a contagem regressiva do mais importante projeto da sua vida.

No dia do embarque, o fotógrafo manda uma mensagem de texto para o seu celular: não seria possível para ele embarcar, pois estava com disenteria. "Apesar do pânico inicial, resolvi não desistir e ir em frente." Viajou sozinha com a disposição de encontrar outro profissional em Belém. Chegando lá, um não podia, outro já tinha compromisso e o terceiro não atendia ao rigor de qualidade exigido. Nessa altura, todos os seus compromissos agendados anteriormente já tinham ido para o espaço. Foi quando Clara encontrou a melhor fotógrafa da Amazônia, especialista em temas regionais e indígenas. Suas fotos eram deslumbrantes e seu sorriso, mais encorajador ainda. A partir daquele momento, o roteiro passou a seguir as indicações da fotógrafa familiarizada com o mato. Os entrevistados e lugares eram outros, e não havia garantia nenhuma de hospedagem ou alimentação. "Era como se tivesse entrado numa canoa e aceitasse seguir o curso de um rio tal como ele se apresentava." E tudo - incrivelmente - deu certo. "A Amazônia me ensinou a soltar as rédeas. E a acreditar que existem mais coisas entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia", diz Clara.

Esta reportagem, portanto, é sobre o momento justo de soltar as rédeas - e a nossa doce ilusão de que podemos controlar tudo. Pois, como diz a piada, se um dia você quiser fazer Deus morrer de rir, é só contar a Ele sobre os seus planos.

Limpando o terreno

Vamos começar estabelecendo algumas diferenças que são fundamentais. Controle não é planejamento ou organização. Também não é perfeccionismo, ou ter responsabilidade e disciplina. Controlar de forma exacerbada significa se aferrar a tudo isso como garantia de que as coisas saiam exatamente do jeito que desejamos. Porque se não sair dessa maneira, ah, se não sair... A gente simplesmente enlouquece: morre de ódio por quem atravancou nosso caminho, inventa inimigos que nos perseguem e querem nos prejudicar a cada esquina e, pior ainda, se imagina como alguém traído pelo próprio universo. Querer controlar dessa maneira é pura e simplesmente obsessão.

Para o controlador contumaz, não há espaço para que as coisas se modifiquem e se arrumem à sua maneira. Nem lugar para a reflexibilidade diante da mudança repentina ou a criatividade para buscar novas soluções em vista dos cenários imprevistos que se apresentam. "Há uma rigidez intrínseca: o que não segue nossa cartilha está errado e não presta. Não conseguimos aceitar como adequado e até propício aquilo que não obedece ao que planejamos anteriormente", diz a psicoterapeuta Irene Cardotti.

"O controle vivenciado dessa maneira, rígida, férrea, está baseado apenas e tão-somente no desejo de manipular pessoas e situações em nosso próprio benefício", avalia Irene. Quando fazemos isso "coisificamos" gente de carne e osso e as transformamos em meros objetos. "Elas passam a ser instrumentos que utilizamos para atingir nossos objetivos. E deixam de ter importância como seres humanos que são, com seus sentimentos, opiniões ou sensibilidade", diz a terapeuta. Quando o caso é muito grave, inclusive, uma pessoa pode chegar ao limite da psicopatia. "O psicopata olha a vida como um jogo de xadrez, e as pessoas, como peças. Tudo é muito frio, calculado. Ele não se importa em mentir, humilhar ou enganar para conseguir o que quer."

Eterna vigilância

A maioria de nós não chega a esse ponto. Quando o assunto é controle, ficamos no básico um, ou chegamos até o nível dois ou três, no máximo. Helena H., por exemplo, acredita ser uma pessoa controladora, mas só até certo ponto. Uma das maiores tradutoras-intérpretes de São Paulo, ela é sempre convidada para traduzir palestras de cientistas internacionais, grandes mestres religiosos e terapeutas. O problema é que ela não se contenta apenas em fazer o seu trabalho. "Ao traduzir, fico sempre de olho em que ainda não sentou na plateia e chamo sua atenção, observo quem chega atrasado e faz barulho, faço cara feia se está faltando água no copo do palestrante, me irrito publicamente se alguém está cochichando e atrapalhando a palestra... Enfim, não dou e não tenho nem um minutinho de sossego", diz. Conhecida em casa por apelidos como "generala" e "Fräulein Helena", numa alusão a uma imaginária governanta alemã que ela encarnaria, é constantemente convidada para dormir em hospitais como acompanhante dos doentes da família. "Fico atrás da enfermeira para ver se ela deu o remédio certo na hora certa, se a pessoa está bem acomodada na cama, se o sol está batendo em seus olhos ou se estão falando alto no corredor - se estiverem, saio e dou a maior bronca", conta. Se de um lado tudo isso é bom, de outro a mata de cansaço. E a razão é simples: o preço do controle é a eterna vigilância. E esse estado de atenção tenso e preocupado causa um enorme desgaste emocional. "É um estresse constante. Nada pode sair do que eu penso estar correto, e vigiar ou antever as variáveis que podem ocasionar problemas consome toda minha energia", ela reconhece. Uma vida assim engessada também pode ficar cinza e monótona, e se tornar um grande convite à depressão e ao desânimo.

E o que faz um controlador parar? "A consciência de que estou tentando manipular demais uma situação. E quem geralmente dá esse toque fundamental é o outro. É ele que me diz: ‘Helena, sua função aqui é só essa ou aquela’ ou ‘Helena, você está ultrapassando os limites’. Sozinha, por mim mesma, ainda é difícil perceber quando estou extrapolando", admite a intérprete.

Outra boa maneira de deter é enxergar nas atitudes de outra pessoa próxima o próprio jeito de ser e reagir. Enxergar as manias, o amor a detalhes, o perfeccionismo e a eterna tensão num outro controlador ajuda a nos conscientizar de nossas próprias características. Prestar atenção em nossos apelidos também ajuda. "Já trabalhei com uma chefe que era chamada de Clint, numa alusão aos duros e implacáveis personagens que Clint Eastwood interpretava nos anos 1970, e tive uma madrasta cujo carinhoso apelido de família era Hitler. Todos eles eram controladores de mão-cheia", afirma a gerente de produtos paulista Maria de Lurdes Sobral. A aparência física também dá pistas preciosas: músculos tensos e rígidos, peito projetado para a frente, maxilar travado ou corpo muito denso podem igualmente indicar sinais de um controlador contumaz, segundo a avaliação da terapeuta Irene Cardotti, que também é especialista em bioenergética. Porém, mesmo conseguindo identificar ou administrar nosso lado mais dominador, ainda não respondemos à pergunta principal dessa história: por que será que somos assim?

A base de tudo

Duas emoções básicas movem o comportamento humano: o medo da dor e o prazer. E elas também alicerçam o nosso desejo de controlar. "Queremos manipular por medo de que as coisas fujam do nosso controle e nos causem sofrimento. É medo da dor, insegurança. O que não percebemos é que esse desejo nos aflige tanto ou mais do que o sofrimento que teríamos se deixássemos as coisas tomarem seu próprio rumo", diz Irene Cardotti.

Isto é, o controle exacerbado pode estar ancorado no medo. Mas não só. Desde os primórdios da psicanálise, seu criador, Sigmund Freud, afirmava que o controle também tinha a ver com o prazer quase erótico em exercer poder. E alguém que domina e controla uma situação pode obter muita satisfação com isso. O poder também dá uma sensação de segurança, que distancia a pessoa do medo de experimentar dor.

A questão é que essa sensação que nos alivia se baseia numa formidável ilusão: a de que realmente conseguimos controlar a vida. Feliz ou infelizmente, porém, a existência se revela bem mais indomável e resistente do que podemos imaginar.

Fúria de titãs

O desejo de controlar a própria existência levanta muitas perguntas de caráter universal: será que existe destino? Como funciona a lei do carma? Tudo está predeterminado desde o início? Temos mão no jogo da vida ou ela já foi escrita nas estrelas?

O filme A Fúria dos Titãs, um clássico das sessões da tarde na televisão, traduz em imagens uma das possíveis respostas a essas perguntas. Em determinados momentos da fita, os deuses do Olimpo, que assistem de cima à trama que se trava lá embaixo na Terra, simplesmente dão sumiço, substituem ou mudam de lugar determinado personagem, como se se divertissem com um enorme jogo de xadrez. Ora ajudam o herói com suas benesses e presentes, ora o atrapalham com monstros e titãs. O princípio do jogo é aparentemente benévolo: tudo é feito para que ele possa aprender com os obstáculos e fazer seu caminho com o reconhecimento de que pouco pode fazer sem a ajuda divina. Isto é, mostra que as grandes questões existenciais que têm a ver com o desenvolvimento de sua consciência estão fora do seu controle. Ponto.

Provavelmente não dependemos de deuses barbudos que jogam xadrez no universo. Mas é possível que estejamos sob o jugo de forças e leis capazes de tirar o controle de nossas mãos, especialmente quando não as conhecemos direito. "Minha mãe sempre nos diz o quanto é inútil fazermos planos. Eu não concordo. Acredito que seja importante planejar a vida, se o fizermos de olhos bem abertos. Devemos identificar e agradecer a sorte que temos e reconhecer os eventos aleatórios que contribuem para o nosso sucesso", diz o professor e matemático norte-americano Leonard Mlodinow, que escreveu um livro, O Andar do Bêbado, onde analisa algumas das possíveis leis pouco conhecidas que atuam na nossa vida, como a da aleatoriedade. Ele diz, por exemplo, que o acaso tem um importantíssimo papel em nossa existência. E que é falta de bom senso querer eliminá-lo.

Se enrijecemos no controle, se engessamos a existência na maneira como achamos que as coisas devem acontecer, diminuímos as chances da aleatoriedade, ou o acaso, se manifestar - uma perda verdadeiramente lastimável, de acordo com Mlodinow. Algumas pessoas reconhecem isso intuitivamente. "Acho que o universo é bem mais criativo do que eu. Planejo, organizo, faço cálculos e previsões, mas, se observo uma mudança de rumo, não a descarto imediatamente. Primeiro vejo se o quadro geral pode se beneficiar com ela. O engraçado é que na maioria dos casos a interferência se revela positiva", afirma o analista de sistemas Celso Ayres. "Mesmo se considerarmos que a chance de esse imprevisto ou mudança ser favorável seja apenas de meio a meio, ainda assim teremos 50% de possibilidade de que essa interferência seja benéfica, o que é um índice bem alto. Um controlador exacerbado jamais admitiria isso."

Verdade. Outra lei que é a maior casca de banana em nossos desejos de manipulação é a polêmica Lei de Murphy. Pode anotar no seu caderninho: quando o controle é excessivo, o tiro sai pela culatra. Aqui cabe uma historinha conhecida no meio gastronômico paulista. Conta-se que um respeitado crítico de gastronomia foi visitar um sofisticado restaurante paulista para fazer sua avaliação anual e conferir as estrelas correspondentes ao estabelecimento. Ele pediu um risoto, uma das especialidades da casa, e ficou esperando - muuuito tempo. Finalmente o prato chegou, com o arroz quase cru. A verdade é que a cozinha ficou em pânico por causa da presença do jornalista e do excessivo controle de quem a comandava. Como conhecia o talentoso chef, o crítico o chamou à mesa e perguntou qual o motivo de tal desastre. Ele respondeu desconsolado: "Scusi, signore, fizemos de tudo, ma no final só saiu um risoto de crítico".

Pois é. Perdemos a sabedoria de que existe o momento de assumir responsabilidades, planejar, organizar e realizar. Mas que também pode haver outros para soltar as rédeas, relaxar, criar e aprender com o que se apresenta. E que é saudável ter essa possibilidade bem presente e viva nas nossas escolhas e decisões. Let it be, deixe acontecer. Pelo menos de vez em quando, claro.

LIVROS I Ching, Alayde Mutzenbercher, Gryphus O Que É o Karma?, Paul Brunton, Pensamento Portões da Prática Budista, Chagdud Tulku Rinpoche, Makara


Fonte: http://vidasimples.abril.com.br/edicoes/0104/grandes_temas/alguma-coisa-esta-fora-ordem-622783.shtml

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Como as novas regras dos cartões afetam o consumidor

Benefícios ao consumidor são relativos; regras entram em vigor em 1º de junho


Redução do número de tarifas deve diminuir quantidade de reclamações por cobrança indevida

O Banco Central publicou, nesta semana, uma cartilha para informar aos consumidores sobre as mudanças nas regras dos cartões de crédito que entram em vigor no mês que vem. Para o BC, as novas medidas evitarão o endividamento excessivo e ajudarão os consumidores a comparar tarifas entre cartões; para entidades de defesa do consumidor, porém, as mudanças são positivas, mas ainda é preciso fazer mais. Entenda como as novas regras afetam a vida de quem já tem ou pretende fazer um cartão de crédito.

Não peça um novo cartão até 1º de junho deste ano.

Para começar, as novidades só serão aplicadas de imediato aos cartões emitidos a partir de 1º de junho deste ano. Falta pouco. Então quem quiser fazer um cartão de crédito não deve cair no descuido de solicitá-lo antes da próxima quarta-feira. Cartões emitidos antes desta data só passam a adotar as novas regras a partir de 1º de junho de 2012.

As novas regras trazem, pelo menos, dois grandes benefícios ao consumidor

O primeiro é a redução do número de tarifas de cerca de 80 para apenas cinco: anuidade, emissão de segunda via do cartão, saque em espécie utilizando o cartão, uso do cartão para pagamento de contas e pedido de avaliação emergencial do limite de crédito.

Além de livrar os usuários de uma série de cobranças, a medida deve também deve reduzir o número de reclamações por causa de cobrança indevida de tarifa. Segundo Maria Elisa Novaes, gerente jurídica do Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC), as tarifas de processamento de fatura e de emissão de boleto, hoje extintas, estavam entre as que mais motivavam queixas dos consumidores. O risco é do tiro sair pela culatra com um aumento no valor das anuidades.

A segunda vantagem para o consumidor é a discriminação obrigatória de todas essas tarifas na fatura. Aliás, todos os encargos cobrados deverão ser informados um a um, de acordo com o tipo de operação efetuada com o cartão. Isso inclui os encargos que serão cobrados no mês seguinte, caso o cliente opte por pagar apenas o mínimo da fatura e entrar no crédito rotativo.

As faturas também deverão informar o limite de crédito total e os limites individuais para cada tipo de operação de crédito que possa ser contratada; os gastos realizados com o cartão, por evento, inclusive quando parcelados; operações de crédito contratadas e respectivos valores; e o Custo Efetivo Total (CET), para o próximo período, das operações de crédito passíveis de contratação.


Comparar as tarifas continua difícil

Essa nova situação facilitaria aos consumidores comparar as tarifas cobradas para diferentes cartões. Pelo menos é nisso que o BC acredita. Na prática, porém, a tarefa continua não sendo muito fácil. Para comparar todas as tarifas, o consumidor precisaria pesquisar por conta própria. As anuidades e benefícios de cada cartão já podem ser comparadas por meio da ferramenta e comparação de cartões de EXAME.com.

O novo percentual mínimo de pagamento muda pouco a vida do consumidor

O mínimo do valor da fatura que pode ser pago passou de 10% para 15%, numa tentativa de reduzir o risco de superendividamento. A ideia do Banco Central é ir elevando esse percentual gradativamente, obrigando os consumidores a pagarem valores mínimos cada vez mais altos, a fim de que a dívida não se prolongue por tanto tempo. Em dezembro, o percentual sobe para 20%, mas na prática esse valor já é adotado por diversas instituições.

Rolar a dívida é ruim de qualquer maneira, dadas as altas taxas de juros praticadas hoje no mercado para o crédito rotativo – em média, 11%. O problema é que, dependendo do percentual mínimo e da taxa de juros cobrada pelo banco, pagar apenas o mínimo da fatura pode garantir pouca ou nenhuma amortização da dívida de fato.

“Um mínimo de 15% pode não servir de nada. Algumas instituições chegam a cobrar 16% de juros. Se elas resolvessem adotar o mínimo de 15%, o valor pago seria destinado apenas a pagar o juro, não havendo amortização real da dívida”, explica a gerente jurídica do IDEC.

O cálculo dos juros rotativos

O sistema acaba sendo cruel. Imagine uma dívida de 1.000 reais em que o usuário do cartão resolva pagar apenas o mínimo de 15% - 150 reais, portanto. O saldo devedor para o mês seguinte seria de 850 reais, mas sobre esse valor incidirão os juros. Se estes forem de 11%, equivalerão a 93,50 reais. A dívida para o mês seguinte será, então, de 943,50 reais. Ou seja, embora o devedor tenha pago 150 reais, sua dívida amortizará apenas 56,50 reais.

E se ele não pagar o valor mínimo, vai ter que arcar com os juros, mais multa de 2% por atraso e juros de mora de 1%. Quanto mais o valor dos juros se aproximar do valor do mínimo, menor será a quantia amortizada. Sem dúvida entrar no rotativo continuará sendo uma grande armadilha, seja o mínimo 10%, 15% ou 20%.

Mas, afinal, qual o valor mínimo ideal?

Para a gerente jurídica do IDEC, não é possível precisar se haveria algo como valor mínimo ideal. Segundo ela, deveria haver sim um desestímulo real ao uso desse tipo de financiamento. “A informação deve ser mais clara para o consumidor. A possibilidade de pagar somente o mínimo não deveria ser destacada. Na própria fatura vem discriminado o valor mínimo, ao lado do valor total. Isso por si só já é uma espécie de estímulo ao uso desse recurso”, diz Maria Elisa.


Fonte: http://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/credito/noticias/como-as-novas-regras-dos-cartoes-afetam-o-consumidor?page=1&slug_name=como-as-novas-regras-dos-cartoes-afetam-o-consumidor

Brasileiro toma empréstimo caro para comprar produto barato

Cresce o empréstimo para a aquisição de itens como geladeira e televisão; especialistas alertam que o ideal é sempre pagar à vista


Eletrodomésticos financiados estão entre os itens que impulsionaram o crescimento do empréstimos para a aquisição de bens

O Senado aprovou na semana passada a medida provisória que cria um cadastro positivo com as informações de quem está em dia com seus compromissos financeiros. O objetivo é tornar a concessão de crédito mais barata para os bons pagadores, com base no histórico que construíram ao longo do tempo.

Pelo texto, o consumidor terá que autorizar por escrito sua inclusão na lista. A partir de então, terá os dados de várias contas reunidas em um mesmo registro. A exceção ficará para as contas de celular pós-pago, que ainda não farão parte desse conjunto. Também será possível solicitar a retirada do cadastro a qualquer momento, bem como consultar as informações reunidas de forma gratuita.

Transformada em projeto de lei, a proposta ainda precisa passar pela sanção da presidente Dilma em um prazo de 15 dias. “Ao ampliar a quantidade de informação disponível, reduzir a assimetria da informação e melhorar os modelos de análise de risco, o cadastro positivo tende a ter um impacto positivo nas taxas de juros”, explica Fernando Cosenza, diretor de Inovação e Sustentabilidade da Boa Vista Serviços-SCPC.

“Mas o próprio governo fala em um prazo de dois anos para que ele se consolide”, pondera Cosenza. Por ora, os juros continuam os mesmos - e nas alturas - para os adeptos do financiamento. Segundo pesquisa mensal da Anefac, o rotativo do cartão de crédito cobra uma média de 238,3% ao ano. Empréstimo pessoal com financeiras, cheque especial e crediário não ficam atrás, com taxas anuais de 195,2%, 150,9% e 94%, respectivamente.

"O brasileiro não faz as contas dos juros que está pagando quando compra um determinado bem. Ele olha apenas se a prestação caberá no seu bolso", afirma Fabiano Guasti Lima, pesquisador do Instituto Assaf. "Isso gera um volume de pequenas prestações que, no todo, acaba corroendo metade do salário do indivíduo."

Na ponta do lápis, bens que não parecem caros o suficiente para causar estragos no orçamento, como eletrodomésticos e eletroeletrônicos, podem se tornar os protagonistas de uma verdadeira armadilha financeira. Uma geladeira de 1.500 reais dividida em 12 meses sai por nada menos que 2.910 reais considerados os juros médios cobrados no comércio.

Levantamento do Instituto Assaf aponta que são justamente esses itens que crescem na lista de compras parceladas do consumidor. Enquanto o endividamento para o financiamento imobiliário manteve-se mais ou menos estável de 2001 a 2011, houve um aumento de 672% nos empréstimos para a aquisição de bens. A modalidade contempla a aquisição de produtos como televisão e computador, que não agregam valor ao patrimônio como a aquisição de um apartamento, por exemplo.

Endividamento do brasileiro por modalidade de crédito (em milhões de reais)

Fonte: Instituto Assaf

Pesquisa do SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito) sobre o endividamento em março deste ano vai ao encontro desta ideia. Entre os consumidores com nome sujo na praça, 37% disseram ter feito as compras com carnê, usualmente utilizado para a aquisição de bens não duráveis. Em uma distante segunda colocação aparece o cartão de crédito, com 19%.


“As pessoas costumam optar pela facilidade de ter o bem aqui e agora, mesmo pagando bem mais que seu real valor de mercado”, diz Fernando Cosenza, do SCPC. Para ele, a tentação fica maior com os bens supérfluos. Mas ainda que não pareçam exigir grandes investimentos, se transformam em uma verdadeira bola de neve quando o consumidor sofre um baque no planejamento financeiro por conta de eventualidades como gastos médicos e desemprego.


Fonte: http://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/credito/noticias/brasileiros-se-endividam-mal?page=2&slug_name=brasileiros-se-endividam-mal